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Presidente da ANFAC destaca papel no fomento comercial brasileiro

25/10/2023 - Fonte: ECONOMIC NEWS BRASIL


Associação Nacional de Fomento Comercial nasceu da trajetória de Luiz Lemos Leite em tentar fazer o empreendedor brasileiro ser protagonista na sociedade

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Luiz Lemos Leite é o destaque desta edição. Ele é presidente e fundador da Associação Nacional de Fomento Comercial (Anfac). Com formações em Filosofia, Letras e Direito, contou entre seus alunos com políticos de renome, como Pimenta da Veiga e Oscar Dias Corrêa Júnior. Aos 94 anos, Lemos Leite continua em plena atividade e é uma das principais lideranças desse relevante setor. Em sua trajetória, acumulou experiências notáveis, servindo como ex-diretor do Banco Central e no Banco do Brasil. Além disso, é autor dos livros “Factoring no Brasil” e “Memória, Visão e Esperança”.

Por 42 anos, a visão pioneira de Luiz Lemos Leite no setor de fomento comercial tem sido crucial para apoiar comerciantes e a indústria através do mercado de recebíveis. Ele explica que a palavra “factoring” tem raízes latinas e remete ao Império Romano, período em que “factor” era usado para se referir a um agente mercantil. O factoring é uma prática comercial na qual uma empresa vende seus direitos creditórios, representados por títulos a serem pagos a prazo, para um terceiro que os adquire à vista com um desconto. A criação da Anfac é fruto da visão de Lemos Leite de posicionar o empreendedor brasileiro como protagonista na sociedade.

Confira a entrevista exclusiva ao jornal Economic News Brasil:

- ENB: Qual é o papel da Anfac no apoio ao desenvolvimento das empresas no Brasil?
- LLL: O objetivo principal da Anfac é representar suas empresas associadas em todas as esferas governamentais – Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, busca contribuir para o aperfeiçoamento da atividade comercial. Há 42 anos, quando me aposentei, decidi iniciar esse empreendimento voltado ao fomento comercial, com o propósito de apoiar pequenas e médias empresas.

- ENB: Qual a diferença da operação bancária e de uma factoring?
- LLL: Nossa atividade difere da exer cida pelos bancos. Enquanto eles concedem empréstimos, nós efetuamos pagamentos à vista aos comerciantes e posteriormente cobramos dos seus compradores. A Anfac tem o objetivo de fortalecer a economia brasileira, fornecendo apoio e orientação ao nosso público-alvo.

- ENB: Quais desafios as empresas de fomento comercial enfrentam atualmente e como a Anfac tem respondido a eles?
- LLL: As principais dificuldades que enfrentamos têm origem na pandemia de COVID-19. No entanto, mantivemos uma liquidez adequada no mercado ao monitorar de perto as empresas de nossos clientes. Esse acompanhamento nos permitiu antecipar certas mudanças no cenário econômico brasileiro e, assim, identificar e comunicar alterações no mercado de forma proativa. Trabalhamos para proteger os produtos e serviços dos quais adquirimos os direitos de venda, oferecendo suporte abrangente nas áreas de indústria, comércio, serviços e em qualquer atividade que resulte em direito de venda.

- ENB: Como a Anfac incentiva a inovação e educação no setor de fomento comercial? Há tendências tecnológicas influenciando o mercado?
- LLL: A Anfac está à frente da inovação no setor de fomento comercial. Contamos com uma diretoria especializada em inovação, o que nos permite estar sempre alinhados às últimas tendências que dominam o mercado. Destacam-se nossas iniciativas em áreas como o metaverso e a inteligência artificial, com esta última promovendo uma transformação global. Estamos constantemente monitorando as evoluções proporcionadas por essas tecnologias e mantemos parcerias robustas, tanto no campo tecnológico quanto no de comunicação. Assim, posicionamo-nos de forma avançada em relação às tendências do setor.

- ENB: Como a Anfac observa a capacitação profissional no setor?
- LLL: Na Anfac, damos grande importância à educação, particularmente à educação corporativa. Atualmente, nossa grade curricular inclui mais de 20 disciplinas, e entre elas, o curso de “Agente de Fomento” merece destaque. Ao longo de 42 anos, conduzimos 193 cursos em todo o Brasil, formando um total de 8.600 profissionais. É notório que, desse número, mais de 2.000 são mulheres, o que demonstra uma representatividade feminina expressiva. No Brasil, devido à sua vastidão territorial, é um desafio quantificar as negociações mercantis. Contudo, podemos afirmar que esse mercado tem proporções gigantescas, evidenciando sua significância na economia do país.

- ENB: De que maneiras a Anfac estabelece parcerias com outras organizações e entidades governamentais para impulsionar o setor de fomento comercial?
- LLL: Mantemos um relacionamento institucional valioso com diversos órgãos, incluindo a Receita Federal, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), o Ministério da Fazenda e o Banco Central. Embora não estejamos diretamente submetidos às regulamentações do Banco Central, operamos dentro de determinados limites. Dentro dessas fronteiras, colaboramos com comerciantes, realizando pagamentos à vista que, em circunstâncias bancárias convencionais, seriam feitos a prazo. Desfrutamos de uma relação positiva, sobretudo com federações em diversos estados brasileiros. Além disso, temos um vínculo estreito com diferentes regiões, e a atuação dos sindicatos, como nossos representantes locais, tem sido eficaz em fortalecer nossa rede de interações e estímulos.

- ENB: A Associação Nacional de Fomento Comercial (Anfac) considera a viabilidade da implementação da reforma tributária frente a potenciais desafios e obstáculos. A proposta será concretizada ou encontrará barreiras difíceis de ultrapassar?
- LLL: Dadas as vastas dimensões continentais do Brasil, cada setor apresenta suas demandas específicas. Contudo, percebe-se que o projeto atual segue uma direção coerente. Se todos os envolvidos compreenderem a essência dessa proposta, o impacto positivo na economia nacional será evidente. A prioridade é a promoção contínua do trabalho e a criação de empregos. De fato, o trabalho digno é o principal meio para superar os desafios econômicos. É essencial que todos os cidadãos tenham oportunidades para alcançar estabilidade financeira e garantir uma renda condizente com suas necessidades. Em um país tão rico em recursos como o Brasil, ninguém deveria enfrentar a fome. Temos o potencial e as condições para eliminar tais mazelas sociais. Contudo, para conquistar tal feito, é fundamental a união, compreensão, humildade e empatia de todos os stakeholders. Apenas com essas qualidades poderemos unir esforços e promover mudanças significativas, atenuando as desigualdades e proporcionando mais empregos à população.

- ENB: Em 2023, a reforma tributária tem sido um tema central no Brasil, buscando simplificar a arrecadação de impostos para estimular a economia e promover o crescimento e a criação de empregos. Qual é a posição da Anfacem relação a esta reforma?
- LLL: A reforma tributária no Brasil é uma urgência. A estrutura tributária atual pode ser comparada a uma colcha de retalhos, complexa e difícil de gerir. Há anos, defendemos uma mudança. No setor de factoring, enfrentamos uma elevada carga tributária. Atualmente, percebemos um ambiente propício para transformações. As transações realizadas no factoring são similares às conduzidas por securitizadoras. A Anfac tem se esforçado para garantir que as principais atividades de seus associados permaneçam categorizadas como serviços financeiros. No projeto de reforma apresentado na Câmara, o relator, Deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), já havia considerado o factoring entre os serviços financeiros, que se beneficiariam de um regime tributário especial. No entanto, as companhias securitizadoras de créditos, que exercematividades similares, não foram incluídas na proposta inicial. Com uma intensa mobilização, a Anfac garantiu que, no texto final apresentado à Câmara, a securitização fosse reconhecida como serviço financeiro. Nosso principal desafio é preservar e destacar o valor socioeconômico do serviço financeiro que oferecemos, reforçando sua importância para a sociedade. Independentemente da gestão governamental, o Brasil segue em crescimento graças à força da iniciativa privada. O empreendedor, verdadeiro herói da economia, enfrenta incontáveis adversidades e persiste. É notável observar a amplitude e diversidade das atividades econômicas nas regiões interioranas do país. A escala dessas atividades por todo o território brasileiro é surpreendente e motiva admiração.

- ENB: Qual a opinião do senhor sobre a implementação do ‘cashback’ como forma de devolução de impostos para as classes menos favorecidas, uma proposta que tem sido discutida na atual reforma tributária?
- LLL: Acredito que estamos diante de uma reforma tributária bem fundamentada e respaldada cientificamente. Esta reforma tem o potencial de proporcionar amplas oportunidades para a população em diversos setores. Ela abrirá novos caminhos para captar volumes adicionais e para seguir uma trajetória empreendedora. O projeto atual de reforma tributária é estrategicamente elaborado e, sem dúvida, representará um significativo avanço para o país. Não podemos perder esta chance. Por isso, estamos nos organizando para estar em Brasília durante a votação no Senado. Estamos otimistas quanto à aprovação dessa reforma. Reconhecemos que alguns segmentos buscam por benefícios maiores. Contudo, é essencial que todas as partes envolvidas demonstrem empatia e colaboração, a fim de gerenciar eficazmente a distribuição dos recursos, especialmente considerando o cenário atual.

- ENB: Qual foi a contribuição da ANFAC em relação à criação e implemen tação da Empresa Simples de Crédito (ESC)
- LLL: Após a sanção da Lei Complementar nº 167 em 24 de abril de 2019, que instituiu a Empresa Simples de Crédito (ESC), a ANFAC, que já acompanhava o projeto de lei desde 2015, desempenhou um papel importante ao elaborar uma cartilha para orientar os interessados em organizar uma ESC. A entidade também manifestou sua disposição em acolher as ESCs como afiliadas, oferecendo a estas as mesmas vantagens e benefícios que são concedidos às demais empresas associadas à ANFAC.

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